quinta-feira, junho 30, 2005

Sob nova direção

Escrevo esta entrada poucos minutos antes de ser chamado para uma última despedida à minha diretora. Ela foi convocada para um outro projeto na administração da rede e será substituída por uma nova chefe. Acho que o motivo para escrever esta entrada é a percepção das emoções conflitantes que entram em cena num momento desses. Não estou na escola há muito mas já estabeleci um certo vínculo com esta pessoa, assim como todos os demais funcionários daqui. O que pega, a meu ver é o medo. Sim, o medo. I mean, sempre que há uma troca de chefia há, invariavelmente, uma troca de approach na administração. Precinto que muitas coisas vão mudar, provavelmente para um quadro mais rígido, o que vai balançar alguns egos e rearranjar o status quo de muita gente por aqui. Well, wait and see..

segunda-feira, junho 27, 2005

Téééééédio

Que fim de semana mais chato! Tá certo que terminei de ler o livro do Dalai (o último capítulo eu até passei adiante) e passei a limpo meu caderno de chinês mas foi pretty much só isso. Passei o resto do Sábado sem fazer muita coisa e o Domingo eu acabei começando a ler uns três livros diferente além de tentar arrumar a TV. Que coisa. Preciso de alguma motivação extra. Minha missão agora é conseguir fazer a reserva pras minhas férias. Oh Dear...

terça-feira, junho 21, 2005

Cara ou Coroa?

As duas últimas semanas parecem ter mostrado uma faceta do Brasil que todo mundo já conhecia mas se esforçava para não enfrentar. A corrupção no nosso sistema político é notória e visceral. Tão notória que chega a ser vergonhosa. Tão vergonhosa que vira motivo de piada interna, como se isso fosse a melhor maneira de lidar com isso. Pensando nisso, deve ser a menos ameaçadora mas sobre isso eu discuto uma outra hora. Me espanta todo o alvoroço da mídia em torno de Jefferson e suas denúncias, se perguntando por que o cara está fazendo isso, se será verdade ou não, quem são os responsáveis e o que acontecerá com eles, etc, etc e o espanto por isso ter vindo a tona agora, no governo Lula e não antes. O PT, diziam, é o partido que prega a ética, que se esforçou para acabar com esse tipo de prática e agora na situação age do mesmo jeito que o opressor que sempre enfrentou. Tenho minhas dúvidas. Sinto sinceramente que o PT ainda é o partido, idealmente, da luta trabalhadora e da igualdade. Idealizado por Lula e seus companheiros, se tornou um marco no movimento político mundial (sem exageros) e chegou onde poucos chegaram. A executiva PTista é composta, até onde entendo, por pessoas de passado revolucionário e lutador, que sofreu sob a égide da ditadura e perseverou. O grande problema é que essa mesma executiva se vê agora no lugar do opressor que tanto enfrentaram e, curiosamente, sem condições psíquicas reais de lidar com essa nova posição. Paulo Freire no seminal A Pedagogia do Oprimido já discutia isso nos anos 60, sugerindo que o oprimido, quando no lugar do opressor, dentro do nosso sistema (esquizofrênico, eu diria) age oprimindo. O opressor internalizado é colocado para fora, às vezes por pura ânsia de desforra, às vezes por puro medo da perda da posição conquistada, da liberdade não libertadora. A "liberdade de" seu opressor não é a mesma da "liberdade para" mudar (Erich Fromm, O Medo da Liberdade) na maioria das pessoas. Isso explica ria as atitudes autoritárioas, quase fascistas, de Genoíno e Dirceu. E nas atitudes revoltadas dos discidentes como aquela deputada cujo nome eu não me lembro e que fundou o PSOL, num movimento desesperado de reafirmar as convicções que a leváram ao PT de início. Siceramente acredito que Lula é um dos poucos ainda intocados do partido, embora um tanto míope. Seu pecado é a confiança. Valor cada vez menos celebrado nesse Brasil pós-moderno e que não é nada sem a moral em contrapartida além de uma armadilha prestes a disparar.

terça-feira, junho 14, 2005

Frase do dia

Creativity requires the courage to let go of certainties.
Erich Fromm

Caos, Ordem, Nova York e uma pasta

Fora de controle, ou Changing Lines em seu título original não é grande coisa como filme de ação mas levanta questões interessantes quando analisado com alguma atenção. Sammy Jackson faz esse agente de seguros que tenta reaver a possibilidade de visitar os filhos que estão para ser levados para o Oregon pela ex-mulher que se afastou dele por seu problema com o álcool. Sammy frequenta as reuniões do AA e está no bom caminho há algum tempo - até consegue impréstimo para comprar uma casa. Ben Affleck é o advogado de uma grande firma da cidade que está tentando tirar o controle de uma fundação de caridade da neta do fundador. Ordem é a vida de Affleck que lida com a Lei e vive conforme as regras. Caos é a vida de Sammy, afogado em álcool e auto-piedade. Por um capricho do destino a pasta com os documentos necessários para o caso de Affleck ficam com Sammy e esse perde a audiência de custódia por causa de Affleck. Daí em diante começa o velho gato-e-rato. O que liga, entretanto, é a percepção de Jackson do caos de sua vida e que tem que encontrar um rumo e Affleck percebe que sua vida não segue a ordem limpa que pensava. Ambos se atacam e cada vez se sentem pior com isso até que sem querer levam um ao outro à "iluminação." Um filme que merece ser assistido com a mente na humanidade e loucura que impregna a sociedade atual. Não precisa realmente se esforçar para sofrer as dores de ambas as personagens. Minha recomendação.

sexta-feira, junho 10, 2005

Retrato da semana dos namorados

Hoje no caminho para a estação do metrô entrou um senhor de uns 40 e poucos anos visivelmente bêbado mas isso não é o mais importante. O que me chamou a atenção foi a história que o próprio diabo repetia no meio de seu fluxo de pensamento irrefreável. Aparentemente sua esposa havia morrido na mesa de cirurgia, hemodiálise se não me engano, e até onde entendi sua mente foi dar um passeio depois disso. Ele repetia coisas como "Deus é pai não é padrasto", "O senhor não se preocupe", "Tudo certo, nada consta" entre outras coisas típicas do pensamento obsessivo, desencadeado pelo trauma da perda da esposa depois de ter recebido do médico as frases acima. Seria ele incapaz de lidar com o luto? Teria sua mente se desfacelado com o impacto? Quanto tempo até sua mente voltar do "almoço"?

segunda-feira, junho 06, 2005

O Meda da Liberdade

Muito bem. Acabei de ler o livrinho de Herr Fromm entitulejado O Medo da Liberdade. Como já havia dito esse é o primeiro de uma trilogia que continua com "A Análise do Homem" e "Psicanálise da Sociedade Comtemporânea" que estou lendo no momento. Enquanto em AdH o autor discute pricipalmente a situação da Ética na sociedade ocidental da segunda metade do século XX, em OMdL, Fromm destrincha a tese de que o Homem se viu, com o surgimento do capitalismo, livre o sistema social seguro que garantia um lugar certo para ele desde o nascimento até a morte e onde só se produzia o suficiente para sobreviver, e jogado num mundo onde era apenas um ser insignificante e impotente mas com a potencialidade infinita. O grande problema é que a angústia gerada por essa nova posição era demais para a pobre cabecinha do nosso amigo Homem medieval o levando a uma ânsia por proteção o que o dirigia à submissão a um grupo, qualquer que fosse. Isso se deu principalmente com a classe média inferior - as usual - que via seu status se desfazendo progressivamente. Enfim, a idéia básica era que existem dois tipos de liberdade: a liberdade de (negativa) e a liberdade para (positiva). Enquanto o Homem não atingisse evolução emocional suficiente para perceber sua liberdade para dificilmente teremos tempos de paz real. Lembremos que o livro foi criado ao fim da 2 Guerra, ainda com a lembrança do sistema autoritário fascista fresco na memória e na pele. Interessante também a análise que faz da Autobiografia de Hitler enquanto descreve o desenvolvimento do caráter autoritário que despreza o fraco mas ainda assim o ama enquanto este é necessário a existência daquele e também a autoalimentação da sociedade que produz e é produzida por esses mecanismos. Enfim, boa leitura. Penso realmente em escrever algo analisando a sociedade pós-moderna. Futuro